segunda-feira, 23 de junho de 2014

A cabeça girando em mil pensamentos nefastos, insanos. 
Como tal qual alma perturbada que passeia perambulando pela noite mal iluminada. 
Eu não fazia ideia da enrascada, do trajeto sinuoso e da confusão armada. 
Perigo! Gritava, com todos os sinais claros e evidentes que não poderia acontecer sem revirar tudo a volta. Fuja! Mandava, mas a pobre menina rebelde não ouvia, não queria. 
Ela teimava, eu vou, eu faço, não impede, não ligo, não importo. 
Problema. Isso ficava para mais tarde. Deixa assim, como está, bom, mal tanto faz. Só deixa.
Terrível medo, ah ela tinha sim, como não ter, ela sabia se acontecesse iria se perder, perder a razão, o chão o juízo. 
Ah tantos poréns, mas nenhum que a fizesse parar valia o risco ela proclamava depois eu penso. Mas nunca pensava. 
Assim sem pensar era melhor, mais fácil, leve, sem confusão, era o que ela achava. 
Era perfeito. Dentro de um contexto dizido, dentro da cena criada, no quarto, na cama revirada, na bagunça dela tudo se encaixava, e àquelas horas, poucas ou muitas, ela não ligava, era fácil, era ela, não ligava, não queria, não tentava, deixa rolar! 
Não faz mal, talvez depois eu me arrependa, depois ela poderia chorar, horas e horas a fio sabendo da idiotice que fazia em sua total e plena consciência, ela sabia, ela dizia. 
Mas deixa pra depois, agora não importava, ela queria as horas, os papos e tudo que vinha.
 Se fosse sofrer, sofreria cabeça erguida, peito estufado. 
Mas não agora, agora era hora, ela ligava, ele chegava.
"Como um pássaro perdido na chuva.
 Encharcado e cansado, com o peso das aguas nas asas, que não o deixa voar.
Solitário como um cantar de pássaro preso na gaiola, que chora e implora pela sua liberdade.
Melancolia como tardes chuvosas que olhamos através das janelas frias e embaçadas
Frieza como o vento lá fora que passa rápido, cortante. que machuca a alma, mas que faz bem
Frio. Congelante. não havia mais coração. somente a pedra de gelo. que batia na velocidade lenta,
Como se cada batida determinasse um pensamento diferente. não havia mais amor, não havia mais calor, se perdera junto com os seus sonhos, fora arrancado dela, junto com as esperanças. não sabia o que havia se tornado.
Só sabia que gostava ,gostava do frio congelante que irradiava do seu peito.
Gostava dos olhos negros sem sentimentos ao olhar em volta.
Gostava da consciência sem culpa. gostava de saber que não precisava mais fingir.
Ela havia se tornando o que sempre tentará evitar ser
Ela congelou junto com o inverno, mas era uma cena clássica e bela, como aquelas manhãs frias, que a grama se torna branca de gelo,
Que o vento machuca. que o frio da medo, mas é tão belo."