Eram 02h39min quando meu celular tocou, sem muita vontade olhei o visor, quando vi o nome dele meu coração disparou, fiquei na duvida se devia ou não atender, mas a curiosidade me ganhou.
Ele: Alo? Ana está ai ?
Ela: Oi Vitor, to sim o que foi?
Ele: Queria saber como você está
Ela: Eu to bem, cara são quase três da madrugada e você me liga só pra isso?
Ele: Preciso te dizer uma coisa...
Ela: Diz logo!
Ele: Eu não sei como
Ela: Então quando descobrir me liga ta, agora ta tarde
Ele: Calma, não desliga ta, só escuta
Ela: Ta, fala logo
Ele: Sabe quando a gente terminou? eu sei que fui eu que errei, sim eu te trai mesmo com aquela minha colega, eu só não quis admitir eu disse tudo aquilo que queria ser livre, que era novo demais... ta ai Ana?
Ela: To.
Ele: Pois é, sabe no começo foi bom, eu saia e ficava com quem eu queria, ia pra farra com os meus amigos sem me preocupar, saia toda noite quase, e pegava muitas meninas, mas ai eu fui percebendo sabe, que os beijos delas não eram tão bons como os seus, e que quando eu voltava pra casa você não ia estar lá pra pedir pra eu te abraçar durante a noite, que você não ia estar lá de manhã para me trazer água e remédio pra ressaca e nem rir dos meus micos da noite anterior. Ta me ouvindo?
Ela quase chorando: Sim
Ele: Sabe eu pude fazer tudo o que eu sempre quis entende, o que eu sentia falta, mas eu me dei conta que sem você não é bom, que eu sinto é a sua falta, do seu cafuné, do seus beijos, das suas manias e até das suas crises de ciumes eu sinto falta de nós Ana...
Ela: Sim, mas e dai ?
Ele: Ana eu te amo, sei que eu errei, me perdoa, volta pra mim, volta a ser nós, juntos como era pra ser, nos casar, ter filhos, morar na serra ter três cachorros, volta Ana...
Ela: Sabe Vitor, eu te amei, nossa como eu te amei, e não vou mentir que não te amo mais
Ele: Você vai voltar?
Ela: Eu te deixei falar, agora é a minha vez. Sabe eu fazia tudo por você, eu saia com os seus amigos e deixava minhas amigas de lado, eu fazia as suas vontades, e via você paquerando as outras, se eu tinha ciumes era com motivos, ai sempre acabava pedindo perdão por algo que não era minha culpa só pra não te perder.
Ela entre lágrimas: Sabe eu fui a namorada que muitos queriam ter, aprendi até a cozinhar, acredita ? e sabe o que mais me doeu Vitor?
Ele: O que?
Ela: Eu acreditei em você, em suas palavras e promessas, nas suas desculpas, eu perdoei tantos erros teus, eu me rebaixei eu fiz e desfiz planos por ti, mas sabe eu aprendi tanto com isso.
Ele: Você vai me perdoar, vai voltar pra mim?
Ela: Eu poderia sabe, eu ainda te amo, mas não vou.
Ele: Porque?
Ela: Porque agora eu que quero ser livre, quero sair e zuar com as meninas, eu que sou muito nova, eu quero fazer tudo que sempre quis. Dessa nossa história quem vai sair perdendo é você, porque outros caras vão gostar de mim do jeito que você gostou, mas nenhuma outra menina vai te amar do jeito que eu amei. Agora por favor me deixe dormir, que já é tarde... ah e não me ligue mais, porque eu não vou mais atender. Boa Noite!
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Ensinamentos
Eu acordei muito atrasado,
novamente o despertador não funcionou já eram 07h15min, ou seja, um banho
rápido sem tempo do café da manhã e correr ao máximo para pegar o ônibus.
Ainda deu tempo de pegar um
pedaço do bolo de aniversário da minha irmã caçula, que jazia na geladeira há
algum tempo, sai às pressas até a parada de ônibus, cheguei em cima da hora,
tive que correr atrás gritando para que o motorista me enxergasse e decidisse
me deixar subir.
Graças a Deus consegui um lugar no fundo do
ônibus, sem muita gente por perto, poderia com muita sorte cochilar até o ponto
onde descia para mais um dia exaustivo de trabalho, não reclamando, pois o
dinheiro no final do mês era muito bem vindo. Com tantas contas para pagar e com
o começo do ano escolar chegando, e com
duas irmãs indo para a escola, não tinha tantas escolhas, desde que meu pai
decidiu que sumir pelo mundo sem aviso prévio era algo bom eu e minha mãe
tínhamos ficado em uma situação deveras complicada.
- Posso sentar? – alguém
interrompeu meus cálculos mensais sobre o pouco salário que recebia
- Como?- olhei para a moça, com
mochila nas costas, fones de ouvido e um ar pouco simpático.
- “Tá” ocupado aqui?- pediu ela
já sem um pingo de paciência
-Não, pode sentar, me aproximei
mais da janela deixando mais espaço para aquela adolescente zangada ao meu
lado.
- Valeu- ela se sentou sem muita
cerimônia e recolocou seus fones sem muito animo.
- Indo para a escola? –tentei
puxar uma conversa com a moça
- uhum. – respondeu sem muita
animação.
Decidi que não iria mais tentar
conversar com ela, ora por Deus adolescentes são tão instáveis e problemáticos,
meninas então nem se fala, dramáticas e com certas tendências psicopatas em
determinados períodos se é que me entendem. Não dei muita bola para a moça por
um bom trajeto, mas logo percebi que ela havia começado a chorar baixinho, sem
muita reação, e penalizado resolvi pedir o que havia ocorrido e ela respondeu
entre soluços:
- Ele me deixou sabe, ele disse
que me amava tanto e foi só aparecer uma menina mais bonita e arrumadinha que
ele me deixou. E dói tanto me entende? – apenas meneie a cabeça em aprovação,
crises amorosas são algo que não sou bom em lidar nunca dei sorte com as
mulheres. – sabe o pior? Ele diz pra ela tudo que dizia pra mim sabe, ou seja,
ele mentia pra mim como agora mente pra ela, ele não presta eu sei, mas eu amo
ele sabe.
- Olha moça...
- Camila- ela me interrompeu se
apresentando.
- Roberto- disse o meu nome já
que ela havia dito o dela- entendo sim, na sua idade sofri muito por meninas e
por mais que não me orgulhe até fiz algumas chorarem, mas se ele faz isso ele
não merece alguém como você, linda, esperta.
Sem saber o que dizer ou fazer,
abracei a pobre menina de coração partido e comecei a dizer frases que lemos em
livros como ‘ isso passa’ ‘ele não te merece’ ‘não vale a pena’ ‘você é muito nova’. Que pelo jeito
funcionaram, ela se acalmou e disse:
-Obrigada, muito obrigada mesmo,
você me salvou de me matar, mas eu desço aqui, obrigada mais uma vez.
Sem jeito, e surpreso pela
honestidade da menina eu só a aconselhei:
- Não pense em nunca mais em
tirar sua vida por alguém. Vá lá e boa aula- ela sorriu e com um aceno de mão
desceu do ônibus.
Naquele dia no meio a tantos
papéis do meu escritório eu não parava de pensar em Camila e como ela tinha me
mostrado como sofrer por amor era algo ruim, depois do meu divorcio com Elena
nunca mais me aproximei de outra mulher. Vendo que não ia conseguir me
concentrar, fui buscar um café. Na volta para a minha sala esbarrei em Cidinha
a secretaria do chefe fazendo todo o meu café derramar em minha camisa.
-Oh me desculpe Roberto, olha a
sua camisa que coisa... - ela estava toda sem jeito.
-Não se preocupe Cida, eu lavo
rapidinho no banheiro. -disse indo em direção ao banheiro e piscando para ela,
vendo-a ruborizar.
No banheiro desabotoei as mangas
da camisa e pela primeira vem em quatro anos, vi as pequenas cicatrizes que
trazia em meus pulsos, fruto de uma bobagem de um apaixonado por sua esposa em
ultimo recurso do desespero, vi que por uma mulher que não me amou e respeitou
tentei dar a minha vida, mas graças a minha mãe e Deus ainda me encontrava
vivo, apenas com as mercas da estupidez antes cometida, me lembrei de Camila, e
como a aconselhei, se alguém tivesse me dito aquilo não teria feito tamanha bobagem,
e sem ao menos lavar a camisa sai do banheiro e com o pouco de coragem que
tinha fiz algo por impulso:
-Cidinha, não quero parecer
abusado, mas gostaria de um chope após o trabalho?- ela me olhou e sorrindo
respondeu:
- Achei que nunca iria convidar Roberto.
Passado
Eu passei a tarde toda na frente
do meu maldito computador sem conseguir escrever um parágrafo sequer do bendito
livro que eu precisava entregar dali a sete semanas. E eu achava que ser escritora
seria fácil. Doce ilusão aquela.
Justo eu que não suportava ideia
de romances, de casais melosos e encontros marcados pelo destino tinha aceitado
escrever uma história sobre isso. Não tinha nem ideia por onde começar, como
seria o encontro deles e o que os manteria juntos, para mim toda essa coisa a
amar até que a morte os separe e essas frufruzizes todas eram bobagem coisa de
conto de fadas e filmes. Não era uma frígida também longe disso, tinha meus
casos, minhas paixonites e afins, mas nada que me levasse a crer em casamentos
e muito menos naquele amor arrebatador que nos enlouquece.
Sai de casa para passear pela
orla carioca, é ser escritora tinha seus benefícios, quando eu me saia bem, por
sorte os últimos livros tinham vendido e consegui comprar um apartamento de frente
para o mar (para você ver como pode render uma boa grana essa coisa de escrever).
Resolvi sentar na areia da praia
fingindo ver o mar, mas na verdade observar os casais que ali estavam para ver
se a inspiração aparecia.
- Quem diria heim Maria Clara,
você na praia- quase enfartei quem era a pessoa que ainda me chamava pelo nome
de batismo? Depois que mudei e usava o meu pseudomo para tudo nunca mais
havia sido chamada de Maria Clara, olhei devagar para cima, cobrindo meus olhos
com as mãos para matar a minha curiosidade.
- Antônio, você aqui, faz quanto
tempo que não te vejo, sei lá um vinte anos?- e para minha surpresa um ex-colega
do fundamental era quem estava ali.
-Isso mesmo guria, voltei lá do
sul há poucos meses, ainda estou me acostumando com o calor daqui.
-E porque voltou? Depois de tanto
tempo.
-Ah você sabe Clarinha, aqui é o
meu lar, acho que poderíamos tomar um suco invés de torrarmos embaixo desse
sol.
Concordei com ele me levantando e
o seguindo até o quiosque, como ele havia mudado o menino magrela de óculos que
tinha roubado meu primeiro beijo aos catorze anos agora estava um homem, de
barba, ainda com seus óculos quadrados, o qual lhe dava um ar de inteligência e
não mais de desajeitado, um ar calmo, e um sotaque do sul deveras charmoso, uma
risada calma e entusiasmada.
- Então virou escritora?- ri,
tomei um gole da minha limonada e respondi:
-Virei, e das boas- ele riu da
minha piada- e você como andas?
- Virei publicitário, mas me diga
casou?- meneie a cabeça em sinal negativo
-Ninguém se interessou- ele riu
novamente, aquela risada era contagiante que tive que rir junto.
- Melhor para mim- ele tomou um
gole do seu suco de laranja e piscou me fazendo corar.
A conversa durou a tarde toda,
com insinuações e flertes, risadas e um papo descontraído, até começar a
escurecer e eu me dar conta do tempo todo que passamos ali, rapidamente interrompi
a nossa conversa:
- Preciso ir, está tarde, tenho
um livro a escrever.
-Será que irei aparecer nessa sua
história?- ele brincou se levantando junto comigo.
-Talvez- ri junto com ele,
tirando algumas notas da carteira para pagar meu suco, quando a mão dele parou
sobre a minha, levantei meus olhos o olhando de baixo para cima e ele sorrindo
maliciosamente disse educado:
-Eu pago, o convite foi meu-
vendo que eu iria protestar ele continuou- insisto, por favor- dando de ombros,
o deixei pagar a conta.
Para a minha surpresa ele me
acompanhou até a entrada do meu prédio, na hora da despedida estendia mão para
um aperto cordial entre amigos, ele rindo disse:
-Clarinha, prefiro fazer como da
primeira vez- e antes mesmo de eu entender ao o que ele se referia, fui puxada
para um beijo que me deixou sem ar. - interrompendo o beijo ele sussurrou:
-Sei onde moras, que tal na quarta
saímos para jantar?- apenas concordei com a cabeça- Passo aqui as oito- ele me
deu um pequeno beijo na face, virou as costas e se foi.
Subi correndo, liguei meu
computador, me muni de café e um sanduíche e comecei a digitar:
“Ela cansada de ficar em casa resolveu caminhar pela praia, onde sem
nunca imaginar reencontrou seu primeiro amor da escola...”.
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